quinta-feira, outubro 27, 2011

Ambiências 58

Bucareste, Roménia, Agosto de 2011


A Roménia é um país com uma matriz cultural muito parecida com a matriz portuguesa. As coisas óbvias (pela raiz latina da língua, Romania, terra de Roma) são as palavras, iguais na escrita, mas pronunciadas com uma pronúncia ligeiramente diferente, o suficiente para pensarmos que é outra língua que não a nossa.
Mas as semelhanças não se resumem as estas diferenças, São profundamente culturais e passam pela música popular, pela forma de cantar (houve uma altura em que pensei que ouvia fado), pelos trajes populares, pela gastronomia (os torresmos fritos são entradas nos melhores restaurantes que preservam a tradição gastronómica romena), a cordialidade, a hospitalidade e, inclusive, a boémia.
Apesar destas proximidades culturais, curiosas se pensarmos que a Roménia está, relativamente a nós, nos antípodas da Europa, divergimos nas tradições religiosas. Neste capítulo estão mais próximas das culturas eslavas do que das culturas tradicionalmente latinas. Esta diferença é fundamental na forma como a moral social foi construída. A liberdade sexual quer para o homem quer para a mulher é natural naquela sociedade.       
Hiperbolizando, não há homem que não tenha vários filhos de várias mulheres e não há mulher que não tenha tido vários filhos de vários homens. Isto parece uma afirmação de La Palisse, mas a verdade é que não há estigmas sociais para os homens e as mulheres do seu passado mais ou menos promíscuo.
Outro fator curioso é que, embora nada tenham a ver com as culturas mediterrânicas, são mais negras, passe o trocadilho dos mares, são muito parecidas connosco nos valores tradicionais da família, no respeito pelos mais velhos e na preservação das tradições.
Uma das tradições é a religiosa, ortodoxa como já tinha referido. A intensidade religiosa com que a maioria dos romenos vive é mais pesada do que a dos portugueses. Excluindo o cliché de Fátima, os romenos têm uma carga cultural religiosa mais intensa e mais arreigada do que os portugueses. Regra geral, não há romeno (independentemente da faixa etária ou classe social) que passe em frente a uma igreja e não se benza, repetidamente, e com fervor.
         A foto que aqui partilho é uma foto tirada num convento, no centro de Bucareste, o equivalente ao Convento de Carmo no centro de Lisboa, mas onde as ordens religiosas e as suas tradições ainda imperam.
É um país que vale a pena conhecer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sua foto me chamou tanta atenção que me fez entrar no blog e ler toda a matéria. Parabéns! linda foto ! que sensibilidade!

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