sábado, novembro 13, 2010

Ambiências 55

 Foto de Francisco Máximo


Já tive a sorte de poder visitar alguns lugares da Terra. Confesso que me falta quase tudo para ver, mas das experiências de viagens que colectei ao longo da vida, houve uma que me surpreendeu muito mais do que esperava. A Namíbia.

A Namíbia é um país que do ponto de vista paisagístico é único. Tem paisagens surreais onde o deserto e os terrenos áridos se conjugam com cores e neblina dando formas e ambientes que não parecem deste mundo. Mas para além da fantástica beleza do país, há a destacar também a organização e as infra-estruturas.

É um país imenso, com uma rede de estradas asfaltadas e de terra batida que faz inveja a todos os países africanos. Rede de distribuição de energia eléctrica por todo o país. As cidades limpas, sem confusão de tráfico, com variadíssimos pontos de recolha de lixo diferenciado para reciclagem.

A polícia e todas as autoridades tratam as pessoas com amabilidade, pedagogia e respeito. Nas lojas, a organização é o lema, o bom tratamento ao cliente é o mote.
Nos lugares turísticos, reservas naturais, hotéis e lodges o requinte impera. O serviço é de altíssima qualidade. Nas ruas, respira-se tranquilidade e segurança.


Foto de Francisco Máximo


Do ponto de vista da organização política, as várias etnias que compõem o país são vistas e reconhecidas como tribos com direito ao reconhecimento da língua própria nas escolas e o respeito pela cultura, religião e tradições. O mais curioso é que as ex-etnias colonizadoras, a alemã e a sul-africana bóer, são reconhecidas politicamente como tribos e tratadas em pé de igualdade às demais tribos autóctones.
É um país africano que não parece africano, dados os elevados padrões de organização e qualidade que apresenta.

Foto de Francisco Máximo

Em contraste, na viagem de regresso a Moçambique, depois de várias horas de atraso no aeroporto à espera do avião das Linhas Aéreas Moçambicanas, sem qualquer explicação ou satisfação da companhia, chegamos ao aeroporto de Maputo, fora de horas, cansados de tantas tempo de espera. Chegámos ao balcão da migração para apresentação dos passaportes e, não há ninguém. Com muita calma lá começam a chegar funcionários. Dispõem-se em dois balcões, sem haver separação para residentes, turistas ou diplomatas. Depois de mais um tempo infinito de espera para ter o carimbo de entrada no país, um funcionário pede para revistar as malas.

Digo-lhe, de uma forma irritada, que depois de mais de meio-dia de atraso, e aquela hora tardia, aquele procedimento poderia ser evitado. Começo a abrir a mala visivelmente mal-disposto. O funcionário olha para mim e diz-me: “dá lá refresco e podes passar”.

A primeira autoridade pública deste país revela-se imediatamente: isto é um país de extorsão e abuso. Claro que não paguei nada e fui-me embora, furioso.

Moçambique, um país rico do ponto de vista dos recursos naturais, com esta cultura do estou a pedir refresco, leia-se corrupção e extorsão, não vai longe e nunca poderá competir com países organizados como a Namíbia e nunca estará nos roteiros turísticos do mundo. A corrupção e a ineficiência dos serviços para instituir a corrupção são uns dos vários cancros deste país.

3 comentários:

Princesa do Índico disse...

Lindas fotos. Esta última está um espanto! Parabéns!

SAPEC... os anos que abalaram o (nosso) Universo. disse...

Já tinha saudades das tuas fotos/histórias.

Agora pela Namabia?....

Avraços,
Chico Padeiro
Caria City

Anna Liberato disse...

Maravilhoso registro....

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