sábado, maio 31, 2008

Retratos 28


Nos últimos dias Moçambique tem vivido agitado com o drama dos refugiados que fugiram da violência e da morte na África do Sul. O nível de violência que se gerou e espalhou por várias cidades sul-africanas foi verdadeiramente atroz.
Poucos meses antes e como resultado das conturbadas e manietadas eleições no Zimbabwe, milhares de zimbabuéanos fugiram do país após a onda de violência, tortura e intimidação. Fugiram uns para Moçambique, a maioria para a África do Sul e fugiram nas piores condições que podem haver, sem nada.
Álgumas etnias sul-africanas que vivem pessimamente, desempregados, sentiram-se ameaçadas com esta invasão de estrangeiros e viraram as suas frustrações contra os que, afinal, são como eles, os refugiados e, posteriormente, todos os estrangeiros eram alvos a abater e a escorraçar.
E assim começou mais uma página negra na história de África e mais uma para a África do Sul. Milhares de refugiados africanos fugidos da África do Sul que fogem não apenas da morte, mas da morte lenta, da imolação, porque é assim que esta gente mata por estas paragens.
Milhares de emigrantes estão colocados em campos de refugiados sem condições mínimas para os receber e a inércia do governo sulafricano perante esta crise interna, a pior desde a abolição do apartheid, é já condenada pela comunidade internacional.

Entretanto, mais de 35.000 moçambicanos regressaram ao país de origem sem um único haver e vinham como gado, aos molhos em comboios de camionetas de caixa aberta e pick-ups por tudo o que era estrada ou picada que chegasse a Moçambique. O problema deste êxodo é que esta gente que saiu sem alternativas regressa ainda numa posição mais frágil, sem alternativas de trabalho e desenraizados. Imagino eu que agora a onda de criminalidade aumentará com todos estes moçambicanos, nigerianos, zimbabuéanos e sei lá que mais, que regressaram desesperados mas com um horizonte de esperança que se fechou na fronteira.

domingo, maio 18, 2008

Sugestão 11





Entre 15 de Maio e 15 de Julho decorre o período de recepção da candidatura ao PRÉMIO NOVO TALENTO FNAC FOTOGRAFIA 2008.


A FNAC, pioneira em acções de promoção e apoio à criação artística e aos novos talentos, legitima o seu posicionamento de especialista e promotor cultural, lançando a 6ª edição do Novo Talento Fnac Fotografia, concurso inserido no programa de acção cultural NOVOS TALENTOS FNAC que a empresa dedica a artistas promissores nas áreas da literatura, música e fotografia.


Foto de nelson d'aires

Foto de Nelson d'Aires




Desde 2003, a FNAC organiza o Prémio Novo Talento Fnac Fotografia procurando consagrar jovens fotógrafos que apresentem trabalhos inéditos, originais e com uma escrita fotográfica coerente. Em 5 edições, foram vencedores deste Prémio Pedro Guimarães, Francisco Kessler, António Lucas Soares, Virgílio Ferreira, João Margalha, Nelson d’Aires e Inês d’Orey.

Para mais informações sobre o regulamento vejam www.fnac.pt

terça-feira, maio 13, 2008

Ambiências 42

Mercado do Peixe, Maputo, 2008




Ultimamente tem-se falado bastante da crise alimentar que se reflete na escassez de alimentos e no aumento desmensurado dos preços. Lembrei-me de um mail que recebi há tempos sobre este tema e que se referia a uma pesquisa feita pela ONU.

Rezava assim o mail:

" A ONU decidiu fazer uma grande pesquisa mundial lançando uma pergunta ao mundo:
Por favor, diga honestamente, qual a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo.

Os resultados foram embaraçosos, porque:

- Os europeus do norte não entenderam o que era escassez;
- Alguns países africanos não sabiam o que era alimentos;
- Os espanhóis não sabiam o significado de por favor;
- Os norte-americanos pediram explicações sobre o significado de resto do mundo;
- Os cubanos estranharam e pediram mais explicações sobre o termo opinião;
- Os parlamentos dos PALOPs andam ainda a debater o que significa diga honestamente."

sexta-feira, maio 02, 2008

Ambiências 41



Há tempos houve uma frase que aparecia na contra-capa de um livro que me chamou a atenção:

"tenho medo que a liberdade se torne um vício"

Pensei nesta frase enquanto assistia a um concerto de música na Swazilândia de um sul-africano respeitado e amado por todos os africanos para quem a liberdade e os direitos humanos são palavras caras. O Concerto teve lugar num lugar chamado "House on Fire".

Johnny Clegg foi e é um homem que cantou a desigualdade social na áfrica do sul nos tempos do auge racial e que preconizou uma sociedade alicerçada em valores democráticos. Enquanto cantava alguns dos seus hinos acompanhado por outras vozes africanas que se harmonizavam com ritmos contagiantes, a assistência, casais com filhos, avós e netos, dançava e cantava sentindo aquela música com imensa alegria.

Claro que não faltou uma canção dedicada ao decréptico mas ainda perigoso Robert Mugabe e à situação política no Zimbabwe.



After hours, House on Fire, Swazilândia, 2008


No fim do concerto contagiado por aquele ambiente de comunhão, tive que ouvir umas vozes portuguesas e fundir-me com umas vozes amigas que há muito não ouvia.
Acabei a noite a dormir num pequeno e simpático lodge bem no meio de uma reserva natural, rodeado de vida selvagem e de uma paisagem deslumbrante, tão característica de áfrica. Adormeci com um sono solto, com aquela frase a visitar-me e a acordar-me.

Mlilwane Wildlife Sanctuary, Swazilândia, 2008
  • Todas as fotografias expostas têm a permissão dos respectivos autores.
  • Exceptuam-se apenas as fotos da Secção Biografias.
  • O Blografias agradece a todos os autores que participam neste espaço de divulgação de fotografia
  • Optimizado para o IE 7.0 com resoluções de 1280 por 768 ou superiores

    Espaço criado e gerido por Francisco Máximo

    Blografias com luz - 2005-2012