Corria-lhe no sangue uma vontade louca de amar. Era um desejo profundo do seu corpo. Mas não queria amar por amar, queria amar aquela mulher por quem um dia se tinha apaixonado e por quem tinha dado não só o seu corpo mas também a outra parte imaterial do seu ser.
A mulher por quem se apaixonou, com o tempo, foi-se desmaterializando, perdendo a sombra até deixar de se ver. Esfumou-se no tempo que o enrugou. Ele, continuava à espera todos os dias já com uma esperança murchada e seca.
Os vizinhos viam naquele homem um ser que não tinha sido e que se deixara perder no seu caminho descaminhado e não percebiam porque insistia todos os dias em olhar para o mar. Ele respondia dizendo que a mulher se tinha desmaterializado porque tinha virado sereia e, porque ele não sabia nadar, esperava por ela na margem, onde um dia, naquela rocha, a havia beijado.
Consta que ele também se esfumou e virou lapa. Naquela rocha niguém mais se voltou a sentar nem a beijar.
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