Infelizmente, os meses de Janeiro e Fevereiro foram e continuam extremamente chuvosos na
África Austral. Como consequência, para além da saturação natural da terra
fortemente ensopada, os leitos dos principais rios de Moçambique que vêm dos
países vizinhos, aumentaram drasticamente e provocaram graves inundações em
vastas áreas de Moçambique.
O resultado foi catastrófico. Milhares de desalojados que perderam
todos os seus bens amealhados numa vida de trabalho mal remunerado, dezenas de
mortos e milhões de dólares de prejuízos na ainda débil economia moçambicana.
Uma das regiões do sul de Moçambique mais afetada, foi a cidade de
Chókwe, uma cidade de interior que não resistiu à fúria das águas do rio
Limpopo.
O cenário durante e após as cheias era de verdadeira emergência
humanitária. A cidade ficou sem energia, sem água potável, sem comida.
Perante este estado de calamidade, vieram a público as autoridades
dizer que era necessário tomar medidas para que estas catástrofes naturais não
se repitam no futuro, que será necessário construir uma barragem para tentar
prender a água, que se devem reabilitar e melhorar os diques de segurança da
cidade e mais um sem número de medidas a propor e a estudar para se implementar
no futuro.
Enquanto se ouviam estes discursos, assaltaram algumas questões no espírito de muita gente,
que resumo apenas numa: no ano 2000 houve um desastre natural em tudo
semelhante a este. Nessa altura, propuseram-se exatamente as mesmas medidas que
agora se replicaram, e a pergunta que fica no ar é, o que se fez de 2000 até
2013 para que estas tragédias se minimizem?
No entretanto, as populações sofrem na pele flagelos humanos e vivem em
condições desumanas à espera da caridade das mais variadas organizações e da
sociedade civil, anónima e solidária.
Água, comida, roupa, medicamentos e outros bens de primeira necessidade
são absolutamente essenciais para minimizar o sofrimento de milhares de pessoas
que, num fluxo de água de horas,
deixaram de ser só pobres e passaram a ser dependentes da ajuda alheia.
Um dos muitos movimentos anónimos que se sensibilizaram e solidarizaram
com o povo de Chókwe, um grupo de pessoas solidárias, levou os bens
essenciais que pode recolher para confortar as vidas levadas repentinamente
pela água e pela lama.
Chegados a Chókwe, confrontados com a dura realidade, puderam testemunhar que mesmo no
sofrimento e privados de tudo, havia um sorriso de um povo que os esperava, não
por agradecimento, mas porque acreditam que um dia as suas vidas melhorarão.
A
esperança espelhada nos olhos faz acreditar que este povo é muito nobre no
sofrimento e que merece mais atenção e carinho.
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