terça-feira, fevereiro 12, 2013

Social 36




Infelizmente, os meses de Janeiro e Fevereiro foram e continuam extremamente chuvosos na África Austral. Como consequência, para além da saturação natural da terra fortemente ensopada, os leitos dos principais rios de Moçambique que vêm dos países vizinhos, aumentaram drasticamente e provocaram graves inundações em vastas áreas de Moçambique.
O resultado foi catastrófico. Milhares de desalojados que perderam todos os seus bens amealhados numa vida de trabalho mal remunerado, dezenas de mortos e milhões de dólares de prejuízos na ainda débil economia moçambicana.
Uma das regiões do sul de Moçambique mais afetada, foi a cidade de Chókwe, uma cidade de interior que não resistiu à fúria das águas do rio Limpopo.
O cenário durante e após as cheias era de verdadeira emergência humanitária. A cidade ficou sem energia, sem água potável, sem comida.
Perante este estado de calamidade, vieram a público as autoridades dizer que era necessário tomar medidas para que estas catástrofes naturais não se repitam no futuro, que será necessário construir uma barragem para tentar prender a água, que se devem reabilitar e melhorar os diques de segurança da cidade e mais um sem número de medidas a propor e a estudar para se implementar no futuro.
Enquanto se ouviam estes discursos, assaltaram algumas questões no espírito de muita gente, que resumo apenas numa: no ano 2000 houve um desastre natural em tudo semelhante a este. Nessa altura, propuseram-se exatamente as mesmas medidas que agora se replicaram, e a pergunta que fica no ar é, o que se fez de 2000 até 2013 para que estas tragédias se minimizem?
No entretanto, as populações sofrem na pele flagelos humanos e vivem em condições desumanas à espera da caridade das mais variadas organizações e da sociedade civil, anónima e solidária.
Água, comida, roupa, medicamentos e outros bens de primeira necessidade são absolutamente essenciais para minimizar o sofrimento de milhares de pessoas que, num fluxo de água de horas,  deixaram de ser só pobres e passaram a ser dependentes da ajuda alheia.
Um dos muitos movimentos anónimos que se sensibilizaram e solidarizaram com o povo de Chókwe, um grupo de pessoas solidárias, levou os bens essenciais que pode recolher para confortar as vidas levadas repentinamente pela água e pela lama. 
Chegados a Chókwe, confrontados com a dura realidade, puderam testemunhar que mesmo no sofrimento e privados de tudo, havia um sorriso de um povo que os esperava, não por agradecimento, mas porque acreditam que um dia as suas vidas melhorarão. 
A esperança espelhada nos olhos faz acreditar que este povo é muito nobre no sofrimento e que merece mais atenção e carinho.

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