Há dias falava da cultura do "estou à pidir" tão caracteristica do povo moçambicano. Falei e disse que a conclusão não era minha era dos proprios moçambicanos.
Já tinha dados de sobra para concordar com eles, mas este fim-de-semana que passou, se dúvidas ainda houvessem, ficaram todas dissipadas.
Venho de carro numa estrada de terra batida que fazia a ligação entre a estrada nacional que liga Maputo ao Norte e a costa, em Zongoene, bem no meio da Provincia de Gaza e perto de Xai-Xai, a capital.
A estrada rasgava paisagens verdejantes e cheias de água. Campos de arroz, plantações de bananeiras, milho, mangueiras e outras culturas compunham o cenário de uma forma harmoniosa e bela.
De repente, quando conduzia admirando a paisagem e as aldeias que ia atravessando, numa subida, vejo subitamente um moçambicano que vinha de bicicleta em sentido contrário e totalmente fora de mão. Páro imediatamente o carro e nem tenho tempo de buzinar, o dito ciclista que vinha a aproveitar a descida, ao ver o carro, atrapalha-se e vem violentamente embater na frente do carro voando por cima do capot e estatelando-se no meio do chão.
Saio do carro preocupado com o estado de saúde do moçambicano e depressa percebo que está bem apenas com uma pequena ferida superficial no joelho. Entretanto vou ver o estado em que o carro tinha ficado e vejo a grelha e o capot amachucados pela bicicleta e pelo corpo.
Depressa percebo que não há policia a quem me queixar, o dito ciclista nao teria dinheiro para me pagar fosse o que fosse dos estragos e digo-lhe zangado que ele tinha que ter atenção quando andava de bicicleta. Agora eu tinha que arcar com o prejuízo causado pela sua negligência.
Ele olha para mim e sente-se ainda no direito de me pedir dinheiro para tratar do joelho e de outras maleitas que entretanto ja se dispunha a enumerar, sem qualquer tipo de sentimento de culpa ou de responsabilidade pelos seus actos.
Que parasita, Irra!
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