domingo, fevereiro 20, 2011

Social 27

Foto de Alberto Monteiro



Dia 12 de Março há uma manifestação dos “precários” em algumas das principais cidades portuguesas. Esta manifestação, concentração, encontro, seja lá o que for, foi iniciada no facebook. Este tema levanta-me dois comentários: O primeiro sobre o impacto do facebook na vida quotidiana das pessoas (com o exemplo do Egipto), o segundo, mais importante, sobre a capacidade de mobilização das pessoas para reivindicarem direitos legítimos e consagrados na carta dos direitos universais, como o direito ao trabalho e o direito à família.

Comecemos pelo primeiro, o impacto do facebook na vida quotidiana das pessoas:
À primeira análise, o facebook seria mais uma rede social, aparentemente inócua onde cada um vai dizendo e partilhando com mais ou menos seriedade o que vai acontecendo na sua vida: os seus gostos musicais, noticiosos, fotografias de ocasião, enfim, uma panóplia de ferramentas onde se permite partilhar o que se quiser, desde o mais fútil e banal, ao mais sério e fundamental. Neste momento não tenho dúvidas que o facebook é uma ferramenta extremamente poderosa e cheia de potencialidades. Mas, o facto de admitir que esta rede social tem enormes potencialidades não significa que ela seja efectivamente poderosa, sobretudo num país como Portugal.
Esta afirmação provocatória remete-me para a segunda questão enunciada acima, sobre a capacidade de mobilização das pessoas, via facebook, ou outra via qualquer. Não considero o povo português um povo verdadeiramente reivindicativo. Mais, considero o povo português um povo passivo, que acha que o futuro está condenado ao que for sem que para isso mexa uma palha que não seja a língua para dizer mal. É um povo que provavelmente tem razões históricas para ser assim, passivo, porque sempre delegou aos outros a decisão do seu futuro e cedo percebeu que as organizações adulteram o seu pensamento genuinamente libertador. Vejam-se os resultados das últimas eleições presidenciais, a crescente desmotivação pelos movimentos políticos organizados, que, aos seus olhos se organizam em seu próprio benefício. Vejam-se as grandes convulsões sociais que existiram e que foram sempre “a posteriori” ratificadas pelo povo mas que nunca foi o povo que as verdadeiramente despoletou.
Porque vivo agora num país onde os direitos humanos são uma miragem, porque sou cada vez mais sensível ao drama da precariedade e do mundo que a humanidade está a construir nesta premissa, vejamos o que irá acontecer no dia 12 de Março, se uma manifestação de intenções imberbe ou uma tomada de posição mais séria e um aviso à navegação. Os mais esclarecidos poderão pensar que não há nada a fazer, Berlusconi mantém-se legitimamente no poder há anos. Um símbolo da decadência e liberalização selvática de todos os valores da sociedade ocidental.
Neste momento não tenho dúvidas, o poder que cada um de nós tem, por mais ínfimo que pensemos que seja, é infinitamente maior do que possamos imaginar, se aplicado em larga escala. Só temos que o aplicar mesmo em larga escala e não ficarmos confinados à nossa pequena realidade individual. Os problemas são comuns, transnacionais. Mobilizemo-nos e façamos como alguém há muito tempo declarou: “Ajo como se o meu acto fizesse a diferença”.
Será concerteza um parto com dor, mas não tenhamos medo da dor! Como biologicamente se diz e é consensual, a dor é a defesa do nosso corpo a fenómenos estranhos. Façamos da dor o caminho para uma sociedade menos egoísta e mais solidária, via facebook ou por outra via qualquer. O que é inconsequente é o silêncio e frustração armazenados em cada um de nós.
Caminhemos pedra sobre pedra, passo a passo, rumo à mudança.

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Retratos 32

Fotografia de Graça Loureiro

Foto de Graça Loureiro

Hoje faço um brinde a uma pessoa que  passou fugazmente pela minha vida, mas que a marcou profundamente. Mary, uma italo-indiana atrevida. Um beijo para ti, cupido.
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