Contribuição de Ricardo Teixeira
Eis-me de volta a Moçambique e para uma das províncias mais afectados pelas cheias, Sofala. A notícia em si nada tem de novo, já havia visto imagens quando ainda estava em Portugal. No entanto, ouvir, no conforto do lar, notícias saídas do rectangulo estupidificante de mais uma tragédia humana num qualquer lugar do mundo não se compara com o testemunho pessoal das histórias de gente do povo que trabalha comigo, que sofreu e sofre na pele esta calamidade.
Famílias inteiras que procuram abrigos em terrenos mais altos, árvores, o que houver à disposição. Dormem sem qualquer tipo de abrigo e à disposição do apetite voraz dos mosquitos. Claro que os casos de malária multiplicam-se sendo as crianças as mais afectadas. O stock de medicamentos para a malária entrou em ruptura, as diarreias aumentam e na falta de água potável bebem a imunda dos rios. A comida escasseia e para temperar o cenário os crocodilos aumentaram o território e andam à espreita nas novas zonas alagadas... enfim TIA ( this is Africa )
Foto de Quidu Gamma